segunda-feira, 2 de novembro de 2009




Minhas asas estão feridas,
pelo medo que paralisa,
pela angústia que aprisiona,
pela ansiedade e sua gangorra.

Minhas asas estão sujas
como as lamacentas ruas,
onde correm pecados e lamúrias,
e não ocorrem vôos, e não se vê a lua.

Minhas asas estão cansadas
do peso da solidão que carregam,
de esperar a libertação tão sonhada,
da força da gravidade sem trégua.

Minhas asas estão mergulhadas
no tempo e no espaço,
na expectativa do enlace
que me leve à eternidade amada,
à Ternura de que vivo esfomeada,
à Felicidade de que fui excluída,
à Paz finalmente sentida.

Minhas asas estão quebradas
pelas horas amargas
que causam a idiotice coletiva,
e a falta da fraternidade amiga,
e a falta do brilho nos olhos...
Sorrir enquanto outros chorem?

Minhas asas estão fracas, sem viço, pobres,
sem cor, empoeiradas, envelhecidas...
Mas ainda assim são asas.
Asas de desejos nobres,
que, talvez, um dia, quem sabe,
possam ainda voar.

Nenhum comentário: